As novas ponte e passarela de Blumenau reforçam o elo entre a sua cultura e sua paisagem. A ponte costura os dois lados do Itajaí-Açú a partir do eixo urbano da Rua Chile; a passarela participa do roteiro de atrativos paisagísticos da margem esquerda, formados por caminhos peatonais e ciclísticos. Ao redefinir e fazer acessível o território lhe assinala atributos e o monumentaliza. Conforme a ocasião no ano, o metal branco pode receber cores através de iluminação específica, marcando o passar do tempo, os costumes e as festas da comunidade. A ponte e a passarela estabelecem um diálogo com a paisagem de Blumenau, criando novas referências. Serão, desde logo, novos pontos de encontro, novos sinais na paisagem da cidade. Entendendo a contemporaneidade e a premência do tema da sustentabilidade, atenção especial é dada aos pedestres e aos ciclistas. Seus caminhos são protegidos e recebem um desenho cuidadoso, para incentivar e tornar aprazível suas práticas como uma alternativa saudável e ecológica ao automóvel.
O aço é a matéria protagonista da ponte e da passarela, uma vez que os sistemas estruturais principais de ambas trabalham utilizando um grande número de peças tracionadas, cada uma a sua maneira. Os esforços caminham dos tabuleiros pelos estais e peças arqueadas no ar, até encontrarem as fundações; os arcos resolvem o problema de atravessar o rio dentro dos limites do próprio vão, ou seja, espacialmente não há nenhum tipo de elemento periférico que esteja fora das dimensões das pontes, o que explicita sua vantagem sobre outras tipologias estruturais para grandes vãos, como mastros estaiados ou penseis, que necessitam de ancoragem distante. As estruturas são formadas por peças pré-fabricadas que através das suas junções se configuram como uma presença em si; construídas com eficiência, rapidez e baixo impacto ambiental. Do ponto de vista simbólico, o arco é artifício tradicional, desenvolvido desde os romanos, para ligar duas margens sobre um vale. É também elemento já presente na iconografia de Blumenau, representada pela Ponte dos Arcos, o que nos remeteria ao sentindo de progresso da técnica.
A Passarela corresponde a um novo caminho, uma nova forma de ir e vir entre as margens do Itajaí-Açu. Conecta os caminhos ciliares, o novo porto e a reurbanizada Prainha com o antigo porto e o Morro do Aipim, criando um circuito de atrativos paisagísticos que reforçam a vocação turística da cidade Dois arcos esbeltos, associados, como uma borboleta, ‘voam’ sobre o rio, com grande leveza. A opção por dois níveis de tabuleiros visou evitar confrontos entre ciclistas e pedestres, comuns em parques urbanos. Para o caminhar, foi proposto um passeio com uma ligeira sinuosidade, uma sutil mudança no eixo, que estimula o desfrute da paisagem. Pontos de parada são propostos, salientando este equipamento como, além de conexão, um ponto de estar e de encontro. A ciclovia foi traçada reta, a evitar acidentes com aqueles mais desatentos que desviassem o olhar de sua rota, e a partir da compreensão de que o ciclismo é, além de lazer, um meio de transporte eficaz. Trata-se de um espaço ganho, uma topografia artificial para o parque, um mirante que estabelecerá novos pontos de vista para o rio e para a cidade.