Futuro Centro Cultural Rio África será palco para memória africana no Brasil
Anunciado o resultado do Concurso Centro Cultural Rio‑África
O equipamento está previsto para situar‑se próximo ao Sítio Arqueológico do Cais do Valongo, na região conhecida como Pequena África, em área portuária da capital carioca, a fim de evocar a importância da ancestralidade afro‑diaspórica, a cultura, o passado e o futuro do local.
Nesta terça‑feira (29) a Prefeitura do Rio de Janeiro anunciou o projeto vencedor do concurso para o Centro Cultural Rio‑África, que será construído próximo ao Sítio Arqueológico do Cais do Valongo e às antigas Docas Dom Pedro II, região conhecida como Pequena África, área portuária da cidade.
A iniciativa, realizada em pela Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar) e pelo Instituto dos Arquitetos do Brasil – Departamento Rio de Janeiro (IAB‑RJ), recebeu 36 inscrições de profissionais de todo o país. A ação também tem apoio da Coordenadoria de Promoção da Igualdade Racial, órgão ligado à Casa Civil.
“A gente precisa contar a história do que aconteceu aqui. É o povo africano que construiu a nossa identidade, cultura, arquitetura, com seu esforço, suor e trabalho escravizado. Que construiu essa civilização carioca, a civilização brasileira. É preciso ser antirracista e resgatar essa dívida histórica com o povo negro”, depôs o prefeito Eduardo Paes.
“Estamos certos de que o Centro Cultural RIO‑ÁFRICA, logo que construído, se constituirá no locus privilegiado de onde diferentes vozes irão ecoar não como um lamento, mas no recontar a história, no preservar a memória, ao som dos atabaques e da dança do Jongo em louvação aos antepassados, na consolidação das tradições e na afirmação da identidade, na construção de novos referenciais artísticos e culturais que evoquem reflexões sobre o passado, presente e futuro daqueles que aportaram involuntariamente no Brasil, mas que com suor e orgulhosa resiliência ajudaram a construí‑lo. Nesta oportunidade, voltamos a saudar a parceria saudável, produtiva e ousada com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, fazendo votos que outras venham a se concretizar. Serão sempre bem‑vindas!”, exclamou Marcela Abla, Presidente do IAB‑RJ.
“Esse é o primeiro concurso de ação afirmativa voltado para o recorte racial que utiliza de um instrumento [da] Lei 13.313 que regulamenta licitações para empresas mistas justamente para esse tipo de ação. Além disso, visibiliza um grupo de arquitetos que estão longe do mercado brasileiro de arquitetura – em geral, os arquitetos negros figuram como coadjuvantes –, portanto é uma ação que põe esses profissionais no radar da discussão e disputa do mercado (…). Além disso, o concurso posiciona o Rio de Janeiro em lugar de importância para a discussão de diáspora, inclusive resgatando a importância do Cais do Valongo (…) para o Rio e para o Brasil”, complementa Marllon Sevilha, Coordenador Geral do concurso.